Viver pelo bem que existe no mundo!

Na verdade nem deveríamos estar aqui, mas estamos. São como nas grandes histórias. As que tinham mesmo importância. Eram repletas de escuridão e perigo. E às vezes, você não queria saber o fim.... Porque como podiam ter um final feliz? Como podia o mundo voltar a ser o que era depois de tudo isso? Mas, no fim, é só uma coisa passageira, que logo se transformará. Um novo dia virá. E quando o sol brilhar, brilhará ainda mais forte. Eram essas as histórias que ficavam nas lembranças, que significavam algo. Mesmo que você fosse pequeno demais para entender o por quê. Mas acho, que entendo, sim. Agora eu sei. As pessoas dessas histórias tinham várias oportunidades de voltar atrás mas não voltavam. Elas seguiam em frente, porque tinham no que se agarrar. - E nós, no que devemos nos agarrar? No bem que existe nesse mundo, pelo qual vale a pena lutar. Senhor dos Anéis.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

SUPERMERCADO DAS PAIXÕES

Não reconheço como grande obstáculo mudar por alguém. É uma bobagem resistir, uma tolice se esconder no orgulho e encher a boca para dizer que precisa me aceitar como sou. A soberba é inimiga da evolução.
Ao se separar vai terminar mudando, então por que não mudar dentro da relação? O resultado será igual. Até porque, depois da distância, fará tudo o que ela queria por birra.
Casais desfeitos mergulham numa guerra de reformas e de lista de intenções. Tropas de carentes procurando chamar atenção a todo instante na web, obcecados em provar que estão melhores, sadios e irresistíveis e sinalizar o quanto o ex ainda se arrependerá da decisão.
Se ela reclamava de sua barriga e de sua flacidez, começará academia imediatamente e assumirá a condição de marombado. Se ela xingava sua pouca insistência com os livros, estará matriculado num curso de leitura dinâmica. Se ela zombava de seu inglês, entrará em aulas de conversação. Se ela morria de ciúme, passará a explicar a rotina aos amigos e evitará respostas genéricas e evasivas. Se ela reclamava de sua preguiça, acordará às 6h da manhã para correr.
Por vingança realizamos mais melhorias de nosso temperamento do que por amor. Só para jogar na cara. Só para provocar inveja e ressentimento.
Divorciados, acabamos nos tornando curiosamente o que o outro desejava, o que o outro tanto reivindicava. A ironia é que, tomando tal atitude durante a convivência, a separação não teria acontecido. A metamorfose surge quando não há laços para consertar. É o equivalente a aumentar o salário e promover quem já demitimos.
Ninguém é o mesmo por muito tempo, não vejo sentido em espernear no supermercado das paixões.
Eu sou influenciável, maleável, não permaneço com a personalidade imutável. Águas paradas não são profundas, apenas têm o maior risco de dengue.
Eu mudo com gosto, com vontade. Por curiosidade ou para oferecer uma nova chance ao casamento. Nem sempre alcanço resultados esperados ou atendo às expectativas, mas não nego a experiência de me aperfeiçoar e me aventurar em diferentes hábitos. Vá que funcione! E todo mundo ainda pode recuar e retomar velhas escolhas.
Não tentar que é difícil de explicar.

Fabrício Carpinejar