Viver pelo bem que existe no mundo!

Na verdade nem deveríamos estar aqui, mas estamos. São como nas grandes histórias. As que tinham mesmo importância. Eram repletas de escuridão e perigo. E às vezes, você não queria saber o fim.... Porque como podiam ter um final feliz? Como podia o mundo voltar a ser o que era depois de tudo isso? Mas, no fim, é só uma coisa passageira, que logo se transformará. Um novo dia virá. E quando o sol brilhar, brilhará ainda mais forte. Eram essas as histórias que ficavam nas lembranças, que significavam algo. Mesmo que você fosse pequeno demais para entender o por quê. Mas acho, que entendo, sim. Agora eu sei. As pessoas dessas histórias tinham várias oportunidades de voltar atrás mas não voltavam. Elas seguiam em frente, porque tinham no que se agarrar. - E nós, no que devemos nos agarrar? No bem que existe nesse mundo, pelo qual vale a pena lutar. Senhor dos Anéis.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

ANALFABETOS DO AMOR

Você pode amar como nunca na vida.Você pode fazer o que não precisava, só o que não precisa significa o quanto tudo é simbólico.
Você pode imaginar como agradar durante o dia inteiro, cronometrar os horários de sua pessoa predileta, para preparar um jantar ou dar uma carona ou buscar algo que inspire seu riso.
Você pode suportar crises de raiva, de angústia, de agressão, de ciúme, e depois oferecer o abraço confortável do esquecimento.
Você pode colocar suas canções prediletas e convidar a dançar com a voz.
Você pode procurar fatos engraçados, criar situações cômicas, disposto a arrancar a tristeza dos olhos à sua frente.
Você pode rezar em meio à descrença religiosa, pois alguém é mais importante do que você mesmo pela primeira vez.
Você pode explodir a cada separação como se fosse um inimigo e pedir perdão em nome da reconciliação como se fosse um mendigo.
Você pode esquecer seu trabalho para estar disponível mais cedo.
Você pode procurar se retratar antes mesmo de errar.
Você pode lembrar todas as datas especiais da relação e inventar ainda novas.
Você pode nunca se cansar de mandar mensagens e arranjos de frases confessando dependência e saudade.
Você pode frequentar lugares que não passaria por perto, só para se infiltrar na memória de sua companhia.
Você pode dizer que não se recorda mais daquilo que causou mágoa, disposto a não alimentar a culpa.
Você pode abrir a janela do carro e gritar de felicidade para o aceno das árvores.
Você pode escrever bilhetes com o desejo sigiloso que um dia a boca de sua letra seja beijada na boca, assim como toda mulher cheira as flores que recebe.
Você pode se tornar responsável, louco, sóbrio, discreto, escandaloso, irreverente, apaixonado, centrado, pode ser o que sonhou, pode se contorcer em pesadelo, pode se transformar no seu contrário, virar-se pelo avesso e oferecer o forro do silêncio.
Mas nada disso importa se a outra pessoa é analfabeta do seu amor.
Nenhuma demonstração de cuidado terá validade. Suas palavras não encontrarão o amparo da caligrafia. Seus gestos serão traços à toa na folha branca.
Nem todos sabem ler e escrever dentro do amor.
Não há sentido em amar se a outra pessoa não é capaz de guardar a verdade do quarto e a sinceridade da cozinha, se a outra pessoa jamais leu o que você é e não aprendeu a escrever – muito menos desenhar - o seu nome no coração dela.

Fabrício Carpinejar