Viver pelo bem que existe no mundo!

Na verdade nem deveríamos estar aqui, mas estamos. São como nas grandes histórias. As que tinham mesmo importância. Eram repletas de escuridão e perigo. E às vezes, você não queria saber o fim.... Porque como podiam ter um final feliz? Como podia o mundo voltar a ser o que era depois de tudo isso? Mas, no fim, é só uma coisa passageira, que logo se transformará. Um novo dia virá. E quando o sol brilhar, brilhará ainda mais forte. Eram essas as histórias que ficavam nas lembranças, que significavam algo. Mesmo que você fosse pequeno demais para entender o por quê. Mas acho, que entendo, sim. Agora eu sei. As pessoas dessas histórias tinham várias oportunidades de voltar atrás mas não voltavam. Elas seguiam em frente, porque tinham no que se agarrar. - E nós, no que devemos nos agarrar? No bem que existe nesse mundo, pelo qual vale a pena lutar. Senhor dos Anéis.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O QUE OS HOMENS MAIS VELHOS PROCURAM NAS MULHERES MAIS JOVENS?

Não é a estética ou o corpo firme ou a ostentação da beleza, como é costume afirmar. São as hipóteses mais previsíveis. Tampouco seria um movimento para ludibriar a velhice.

Homem mais velho não pretende recuperar o tempo perdido e fingir que rejuvenesceu quando vai atrás de uma mulher mais jovem. Nem é para esnobar antigas companheiras de sua faixa etária ou resolver suas dívidas paternas e edipianas.
Ele procura o romance. O espírito engenhoso e floreado do romance. É curiosamente seduzido pelo conto de fadas (jamais perde sua ingenuidade, mesmo depois de atravessar doloridos divórcios).
Busca a mulher mais jovem por entender que ela ainda confia no amor, mantém intacta a fantasia, o sonho de casamento e filhos. Não foi contaminada pelo ceticismo e amargura. Singulariza o contato, na expectativa de encontrar um sujeito para o resto dos seus dias. Ela se importa com a sinceridade, a lealdade e a fidelidade. Pode terminar a relação por uma mentira, e só termina a relação por uma mentira quem defende utopicamente a verdade.
A mulher jovem namora, flerta, tem pudores e receios, medos e curiosidade, disposta a cumprir todas as etapas da intimidade: reconhecimento, desavenças e superação. Não frequenta atalhos, preserva o enredo e os rituais de aproximação. Valoriza a conquista e o passo-a-passo. Prolonga o suspense e o mistério, para recompensar sua companhia com declarações de arrebatamento.
Dá espaço para confiar e conhecer, não julga e condena por antecedência. Não teve nenhum ex traumático que criou ojeriza de promessas e converteu a experiência em recalque. Inflama a vontade de felicidade na união e oferece credibilidade para ser convencida da seriedade dos laços.
É evidente que o homem mais velho se sente útil, enxerga-se útil, precisa enfrentar o trabalho de seduzir e provar seu valor. E também experimenta a possibilidade de ser virtuoso. Abraça o casamento como uma reinvenção de si, reerguendo sua virilidade pelo desafio. Assim como também é óbvio que é mais fácil ser idealizado por quem é jovem do que por quem tem a sua idade.
O homem mais velho está interessado hoje em fazer romance. Depois do Viagra, não precisa mais se preocupar com seu desempenho no sexo. O sexo não é mais tudo como antes. Acabou um problema e sobrou disponibilidade para cortejar e conviver.
Já as mulheres maduras são muito mais livres sexualmente, só que estão descrentes do romance. Levam o realismo como bússola. Não conservam grandes anseios amorosos, não alimentam projetos a dois, contentam-se com uma amizade e uma boa transa.
Ao mesmo tempo que têm o discernimento da vivência e a independência financeira, não estão dispostas a mudar seus hábitos por alguém, muito menos se encantam com a esperança. Usam a irreverência e a ironia como escudos, não têm vergonha de assumir a obscenidade ou fazer perguntas comprometedoras. Não se contém, não adiam sua oposição, não travam a língua para mais nada.
Elas perdoam com facilidade, pois não acreditam mais nos homens. A tolerância é indiferença. Aceitam a ruindade masculina como irreversível, sofreram o suficiente e não desejam sofrer mais. Fecharam a eternidade para balanço.
Não acalentam fé no altar e planos de uma velhice de mãos entrelaçadas. Partem do princípio de que nenhum homem presta. Como dispensaram o amor, a atração está unicamente apoiada no prazer. O erotismo é seu novo romantismo, funcional e desvinculado do envolvimento.
Talvez não seja verídico que a mulher madura, inteligente, linda e desimpedida, assuste o homem, ele recua e se desinteressa pela completa ausência de romantismo. Sem fé na raça masculina, não existe futuro para ser dividido.

Fabrício Carpinejar