Viver pelo bem que existe no mundo!

Na verdade nem deveríamos estar aqui, mas estamos. São como nas grandes histórias. As que tinham mesmo importância. Eram repletas de escuridão e perigo. E às vezes, você não queria saber o fim.... Porque como podiam ter um final feliz? Como podia o mundo voltar a ser o que era depois de tudo isso? Mas, no fim, é só uma coisa passageira, que logo se transformará. Um novo dia virá. E quando o sol brilhar, brilhará ainda mais forte. Eram essas as histórias que ficavam nas lembranças, que significavam algo. Mesmo que você fosse pequeno demais para entender o por quê. Mas acho, que entendo, sim. Agora eu sei. As pessoas dessas histórias tinham várias oportunidades de voltar atrás mas não voltavam. Elas seguiam em frente, porque tinham no que se agarrar. - E nós, no que devemos nos agarrar? No bem que existe nesse mundo, pelo qual vale a pena lutar. Senhor dos Anéis.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

A BELEZA

E um poeta disse: “Fala-nos da beleza.
E ele respondeu:
“Onde procurareis a beleza e como a podereis encontrar a menos que ela mesma seja vosso caminho e vosso guia?
E como podereis falar a menos que ela mesma teça vossas palavras?
Os aflitos e os feridos dizem:? ‘A beleza é amável e suave.
Como uma jovem mãe, meio encabulada na sua glória, ela caminha entre nós.’
Os apasixonados dizem: ‘Não, a beleza é uma força poderosa e temível.
Como uma tempestade, ela sacode a terra abaixo de nós e o céu acima de nós.’
Os cansados e os gastos dizem: ‘A beleza é um murmúrio suave. Fala em nosso espírito. Sua
voz cede aos nossos silêncios como uma luz tênue que treme por medo da sombra.’
Mas os turbulentos dizem: ‘Nós a ouvimos gritar entre as montanhas, e com seus gritos
chegavam o tropel de cavalos, o bater de asas e o rugir de leões.’
À noite, os guardas da cidade dizem: ‘A beleza despontará do Oriente com a alvorada.’
E, ao meio-dia, os trabalhadores e os transeuntes dizem: ‘Nós a temops visto inclinada sobre a terra, das janelas do poente.’
No inverno, os prisioneiros da neve dizem: ‘Ela virá com a primavera, pulando sobre as colinas.’
E no calor do verão, os ceifeiros dizem: ‘Nós a vimos dançar com as folhas do outono, e havia neve no seu cabelo.’
Todas essas coisas, dissestes da beleza.
Na verdade, porém, não falastes dela, mas de desejos insatisfeitos.
E a beleza não é um desejo, mas um êxtase.
Não é uma boca sequiosa, nem uma mão vazia que se estende, mas, antes, um coração inflamado e uma alma encantada.
Ela não é a imagem que desejais ver, nem a canção que desejais ouvir, mas, antes, a imagem
que contamplais com os olhos velados e a canção que ouvis com os ouvidos tapados.
Não é a seiva por debaixo da cortiça enrugada, nem uma asa atada a uma garra, mas, sim, um
pomar sempre em flor, e uma multidão de anjos em vôo.
Povo de Orphalese, a beleza é a vida quando a vida desvela seu rosto sagrado.
Mas vós sois a vida, e vós sois o véu.
A beleza é a eternidade olhando para si mesma num espelho.
Mas vós sois a eternidade, e vós sois o espelho."

Khalil Gibran - O Profeta