Viver pelo bem que existe no mundo!

Na verdade nem deveríamos estar aqui, mas estamos. São como nas grandes histórias. As que tinham mesmo importância. Eram repletas de escuridão e perigo. E às vezes, você não queria saber o fim.... Porque como podiam ter um final feliz? Como podia o mundo voltar a ser o que era depois de tudo isso? Mas, no fim, é só uma coisa passageira, que logo se transformará. Um novo dia virá. E quando o sol brilhar, brilhará ainda mais forte. Eram essas as histórias que ficavam nas lembranças, que significavam algo. Mesmo que você fosse pequeno demais para entender o por quê. Mas acho, que entendo, sim. Agora eu sei. As pessoas dessas histórias tinham várias oportunidades de voltar atrás mas não voltavam. Elas seguiam em frente, porque tinham no que se agarrar. - E nós, no que devemos nos agarrar? No bem que existe nesse mundo, pelo qual vale a pena lutar. Senhor dos Anéis.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

AMORES CURTOS SÃO DO INVERNO. AMORES LONGOS SÃO DO VERÃO.

Iniciar romance no inverno é barbada. Nem deve contar pontos.

É quando a vida pede mesmo um abrigo antiáereo, o corpo receberá camadas ostensivas de roupa, o tempo fecha e intimida baladas, tudo favorece uma companhia constante para o chocolate, a pipoca e a televisão.

A testosterona diminui com o frio – natural os homens se renderem às mãos dadas nos passeios e aos relacionamentos sérios no Facebook.

No inverno, amor é oportunismo. As festas estão em baixa temporada, os lobos se aquietam dentro da alma dos cachorros. De interação, o máximo que acontece são jantares e
viagens com casais amigos. Nenhum marmanjo deseja ser excluído por falta de parceira.

É o momento ideal para engordar, reduzir as exigências estéticas e ter uma confidente para perdoar e partilhar os excessos.

O grande exame amoroso realmente é no verão. A partir de dezembro, abrem-se as inscrições ao disputado concurso público do coração, ao concorrido vestibular dos apaixonados.

Homem tem dificuldade de se apaixonar no ápice do calor. Ninguém em sã consciência pretende se envolver neste período. Ninguém tenciona sacrificar as inúmeras opções do baralho com uma arriscada cartada.

Ele guarda a noção de que é burrice namorar na alta temporada, não há cabimento deixar a pescaria no meio da piracema.

Parte da convicção de que, com uma única pessoa, jogará fora toda a dedicação na academia nos últimos meses para recuperar a forma. Lançará ao mar as latas de suplementos e de proteínas que gastou para repor os bíceps.

A regra é não se prender e jamais inspirar uma sequência de encontros. Vale uma noite com alguém, e apenas uma noite. Duas seguidas já sugerem um caso, três correspondem a um rolo.

Homem enxerga o verão como desforra, suas 1001 noites de solteiro. Prefere ficar numa festa, azarar e recomeçar do zero.

Não ambiciona compromisso. Ele economizou no ano para gastar agora. Procura expor sua forma física, olhar as outras, beber até entortar, não ser controlado em horários, muito menos derrapar em seu próprio ciúme.

Praia e férias são sinônimos de desprendimento: não se incomodar e não ser incomodado, dormir até tarde, não sofrer as ressacas das discussões de relacionamento.

Portanto, se um homem começa namoro no verão é que ele enlouqueceu por você. Está de quatro, acabado, derrubado. Significa uma imolação sentimental, uma autoflagelação.

É totalmente contra seu código de ética e postura. É capaz de perder sua cadeira parlamentar na areia, sofrer CPI dos comparsas do trago.

Oficializar a relação no período requer firmeza de caráter. Ele enfrentará a gozação dos colegas, vai se isolar no circuito das festas mais quentes, fechará suas redes sociais para cortejá-la.

Não é pouca coisa para a tacanha mentalidade masculina. É como um atleta renunciando uma vaga na equipe olímpica do Amor. Terá que aguardar doze meses para reaver nova chance.

Não se ama impunemente em janeiro e fevereiro. É quase como casar. Quase.

Fabrício Carpinejar